Pior do que não ter (ou simplesmente não saber) o que falar é já ter falado tanto, tantas vezes e com tantas intensidades que a palavra e o peito já não têm mais forças para esboçar qualquer meio sorriso. Sorriso de verdade, assim. Um meio termo entre o deixa estar e o que-tal-assim pouco sincero não contam. E de tantas meias bocas, a vida fica cheia de meios tempos, meios encontros, meios sorrisos. O meio a meio fica discreto, concreto, secreto. Sem cuidado e sacrifício, ele pode até gostar e virar cotidiano – aí implode. E dói mesmo sem doer, dói de qualquer jeito ou sem jeito.

Daí quando você finalmente fala, roubam as palavras de você. E daí elas já não são mais suas, e contigo nada mais têm a ver. Assim você as perde de novo, e não quer nunca mais falar.

Cynthia Funchal – cynthiafunchal@yahoo.com.br
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